segunda-feira, 2 de julho de 2012

João


                        






E agora, João?

O dinheiro acabou,

A comida faltou,

O povo sumiu,

A tristeza chegou,

E agora, João?

E agora, você?

Você que é doce

Que esnoba dos outros,

Você que faz promessas,

Que trabalha e protesta,

E agora, João?



A mulher foi embora

Está sem dinheiro,

Está sem carinho,

O verso é sofrer,

Já não pode amar,

Só pensa em morrer,

A noite chegou,

O dia não vejo,

O ônibus não veio,

A alegria não veio,

Não vejo a simpatia,

E tudo desabou

E tudo sumiu

E tudo estragou,

E agora João?



E agora, João?

Seu suave discurso,

Seu momento de raiva,

Seu instante de plebeu,

Sua utopia e banalidade,

Sua biografia

Sua palavra de consolo,

Seu carro de ouro, sua incompreensão,

Seu ódio-e agora?



 Com amor no coração

Quer encontrar sua rota,

Não existe rota;

Quer morrer de tristeza;

Mas a tristeza acabou;

Quer ir para o acre

Mais não há mais Acre.

João e agora?



Se você vivesse

Se você sonhasse

Se você tocasse

A valsa da esperança

Se você corresse

Se você cansasse

Se você morresse

Más você não morre,

Você é lutador, João.



Solitário na cidade,

Feito matuto perdido

Sem alegria;

Sua casa é a rua

Não tem onde morar,

Sua bicicleta

É o único meio de transporte,



Você vai embora, João?

João, para onde?



Texto Baseado na obra de Carlos Drumont de Andrade “ E agora José”.



Autor: Uéliton Freire






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