segunda-feira, 12 de novembro de 2012

João


                          
E agora, João?
O dinheiro acabou,
A comida faltou,
O povo sumiu,
A tristeza chegou,
E agora, João?
E agora, você?
Você que é doce
Que esnoba dos outros,
Você que faz promessas,
Que trabalha e protesta,
E agora, João?

A mulher foi embora
Está sem dinheiro,
Está sem carinho,
O verso é sofrer,
Já não pode amar,
Só pensa em morrer,
A noite chegou,
O dia não vejo,
O ônibus não veio,
A alegria não veio,
Não vejo a simpatia,
E tudo desabou
E tudo sumiu
E tudo estragou,
E agora João?

E agora, João?
Seu suave discurso,
Seu momento de raiva,
Seu instante de plebeu,
Sua utopia e banalidade,
Sua biografia
Sua palavra de consolo,
Seu carro de ouro, sua incompreensão,
Seu ódio-e agora?

 Com amor no coração
Quer encontrar sua rota,
Não existe rota;
Quer morrer de tristeza;
Mas a tristeza acabou;
Quer ir para o acre
Mais não há mais Acre.
João e agora?

Se você vivesse
Se você sonhasse
Se você tocasse
A valsa da esperança
Se você corresse
Se você cansasse
Se você morresse
Más você não morre,
Você é lutador, João.

Solitário na cidade,
Feito matuto perdido
Sem alegria;
Sua casa é a rua
Não tem onde morar,
Sua bicicleta
É o único meio de transporte,

Você vai embora, João?
João, para onde?

Texto Baseado na obra de Carlos Drumont de Andrade “ E agora José”.

Autor: Uéliton Freire



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