sábado, 25 de agosto de 2012

ESTA POESIA, DA POETISA ACREANA JANAINA FIGUEIREDO,RETRATA MOMENTOS DE SUA VIDA, ORA EMBALADOS DE EMOÇÃO, ORA EMBALADOS DE RAZÃO.


PARADIGMAS DA ROSA

(Autoria: Janaina Figueiredo, Rio Branco – AC, 24/09/2010)

 

Apesar de acreditar que algumas coisas estão predestinadas a acontecer em nossas vidas, algo que está acima da dimensão da nossa compreensão, do nosso entendimento, mas somos nós que escolhemos o grau de intensidade de vivenciá-las ou não. Embora tenha demorado um pouco pra perceber, hoje vejo claramente que o curso do nosso destino está em nossas mãos, mais precisamente em nossas escolhas. E nada, absolutamente nada, acontece por acaso. Tudo que acontece em nossa vida é por um motivo, uma razão que transcende na maioria das vezes o alcance de nossa visão no momento em que elas ocorrem. Mas lá na frente entendemos exatamente o porquê e vemos que há uma ligação intrínseca com as nossas escolhas.

 

Às vezes, algumas circunstâncias da vida, normalmente experiências dolorosas que provocam cicatrizes profundas, fazem-nos ter medo de confiar, de arriscar, de nos decepcionar novamente, de nos doar, de viver cada momento com a plenitude e espontaneidade dos sentimentos. O medo torna-se na nossa visão um aliado, uma espécie de escudo que nos guarnece de alguns sofrimentos indesejáveis e induz a nos aprisionarmos dentro de um casulo porque achamos que nossas forças internas são ínfimas para suportar e superar a dor. Sentimo-nos oprimidos e frágeis diante de uma realidade que queremos fugir e evitar a qualquer custo: o sofrimento. E assim preferimos permanecer dentro dos limites de um casulo, alimentando nossos singelos sonhos com a doçura e os finais sempre felizes de contos de fadas porque a realidade além dele é às vezes muito cruel. Vemos pessoas mentindo, manipulando, brincando com os sentimentos dos outros com a maior naturalidade do mundo. Ouvimos pessoas falando em qualquer ocasião sobre o amor, sem se dar conta que ele é discreto e resplandece genuinamente do coração no carinho, no trato, na atenção, na admiração, no respeito e no zelo direcionado a outra pessoa.

 

Até que um dia, uma voz interior clama por um novo horizonte, por novas experiências revigoradoras da alma. Você se sente então confiante de sair do casulo, como uma lagarta que passa pelo processo de metamorfose, ganha asas e se transforma numa bela borboleta. É uma sensação incrível a de aprender a voar inexperientemente no vasto horizonte. E logo você vislumbra um radiante arco-íris que colore na sua atmosfera uma pequena gota de cor, suficiente para fazer seu coração pulsar com uma vibração intensa jamais vivenciada, suficiente para você querer simplesmente ser banhada profundamente pelas suas reluzentes cores por toda a sua vida. Então, você doa o melhor de si, busca toda a sua força interna para voar em direção a uma altitude que você supunha jamais alcançar, simplesmente para estar próximo a ele. E quando você consegue tocá-lo então, um oceano de emoção transborda no seu coração, uma aurora boreal cintila a sua alma e literalmente você se sente transportada a uma outra dimensão. Um sentimento intenso se cristaliza no seu interior formando uma escada ascendente à sua frente, convidando-o a crescer em todos os sentidos. Até que inesperadamente o arco-íris desaparece, anunciando uma tempestade que desestabiliza o seu voo e escurece o seu horizonte. Daí, você olha dentro de si e observa que o arco-íris se foi, mas não levou em hipótese alguma a sua capacidade de superação e a esperança de alçar voos mais altos em busca da tão sonhada felicidade.

 

Observemos uma rosa em toda a sua concepção. No seu sustentáculo, há espinhos que machucam. Na sua estrutura, há pétalas que suavizam. Ou seja, a dor e o amor estão presentes na perfeição que é uma rosa. Isso demonstra que às vezes é necessário percorrermos nossas mãos por cada espinho até conseguirmos tocar as suas pétalas. Vale a pena experimentar a dor do espinho para sentir a textura delicada das pétalas da rosa ou vice-versa? Eu posso afirmar que sim, mas a escolha é de cada um e sempre será. Quem de nós já não teve uma decepção amorosa? Quem de nós não vivenciou isso um dia, que atire a primeira pedra. Contudo, é melhor se arrepender tentado sentir a textura das pétalas da rosa, mesmo que de forma transitória, a passar a vida toda se lamentando e se resguardando por medo da dor do espinho.

 

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